# Stuttgart

Há pouca coisa que me cause tanto medo como andar de avião.
Há pouca coisa de que goste tanto como viajar.
Comprei dois bilhetes e não disse a (quase) ninguém.
Fui a Stuttgart, aluguei um carro, escolhi o sul e fui até aos Alpes Austríacos - porque sim!...

Descobri cenários de filmes idílicos, apaixonei-me pelo dolce far niente alemão e dormi no melhor prototipo de casa perfeita que conheço.
Percebi que os alemães têm um grave problema com pastelarias e que há, pelo menos, dois casinos a cada quarteirão.
Descobri a magia de abrir a janela e ver nevar e que lido muito mal com temperaturas baixas.
Descobri uma série de coisas mais.
E principalmente que não há melhor calmante do que apertar a mão de quem gosta muito de nós!



Não tinha a menor paixão pela Alemanha até aterrar em Stuttgart naquela manhã de chuva.
Apaixonei-me quando vi os campos imensos e as casinhas de telhados inclinados pela pequena janela do avião.
Apaixonei-me depois pela tranquilidade daquele aeroporto.
Apaixonei-me pelas folhas - e mais folhas - espalhadas pela cidade.




Apaixonei-me pelo sitio que escolhi para o primeiro almoço em terras alemãs - e percebi que ser vegan na Alemanha é tarefa fácil (embora eu não o seja, ainda).
Apaixonei-me até pela chuva, e eu nem gosto de chuva.
Apaixonei-me pelo facto de os cães poderem andar no centro comercial e entrarem em todos os restaurantes - não na esplanada, mas sim no seu interior.
Apaixonei-me pelo respeito pela vida privada e pelo tempo em família das pessoas: ao sábado tudo fecha ao final da tarde e ao domingo nada abre - nem centros comerciais. Ainda assim, um frio de rachar e a nevar, e as ruas cheias.
Há feiras de Natal por todo o lado, as pessoas comem fritos e doces como quem bebe água, mas na verdade quase toda a gente bebe glühwien - vinho quente com especiarias servido em canecas.
Há algum tempo que não sentia tanto convívio: poucas pessoas ao telemóvel, conversas em voz ata, muitos sorrisos e cantorias patrocinadas por uma dose um tanto ou quanto reforçada de glühwien.








Pensei eu que os alemães eram frios... Pensei mal!
São educados e não sentem qualquer necessidade de agradar: estão bem com eles próprios e isso é o suficiente.
Não gosto de generalizações, no enanto é impossível estar em Stuttgart e não sentir diferenças na disposição das pessoas em comparação com os portugueses.
A lógica é simples: a melhor qualidade de vida não é um mito!
O povo alemão sai do trabalho às 17H porque o final do dia e os fins-de-semana são para aproveitar em família: a de sangue e a que escolhem. Ganham consideravelmente mais, mas não têm despesas maiores. Adoram comer fora e investem bastante em tempo de qualidade à volta da mesa - não, não é uma tradição portuguesa e eles sim, sabem aproveitar!
























1 comentário: